terça-feira, 22 de maio de 2012

O CAPITÃO DE FRA(GATAS) E O BACALHAU DOS CABRAIS

O CAPITÃO DE FRA (GATAS)
E O BACALHAU DOS CABRAIS
AUTOR: JOTA BATISTA





01

Mais coisas no céu e terra
Acontecem e quem diria
Muito mais que imagina
A tua filosofia
Hamlet disse a Horácio
E eu uso do prefácio
Do conto de Sheakepeare

02

Um rei foi assassinado
A história está na mídia
Por um irmão leviano
Por ganância e desídia
Feito o crime, este se curva
A casar-se com a viúva
Numa macabra perfídia 

03

Após sucinto resumo
Do que findou em tragédia 
Vou narrar agora um caso
E fazer a minha média
De Porto, de Portugal
Capitão e bacalhau
De mentira e de comédia

04

Dizem os compatriotas
Do Brasil e Portugal
Que o futebol brasileiro
Sendo paixão nacional
Em Portugal é sabido
Que o assunto mais digerido
É o prato de bacalhau

05

É um peixe não tão raro
Mas, que pobre não adianta
Comê-lo porque é caro
Nem no almoço, nem na janta
Não afirmo por capricho
Mas, só como desse bicho
Às vezes...semana santa

06
Dizer: - bacalhau do Porto
É uma treta sem prega
Exaltam que é de lá
Mas, provém da Noruega
E vão aos bacalhoeiros
Lá no Porto de Aveiros
O povo vai lá e pega

07

Aveiros fica à setenta
Km do sul do Porto
Outra província bonita
De turismo e de conforto
Às margens do rio Douro
E vê-se no ancoradouro
O bacalhau vivo e morto

08

Receitas das mais diversas
A gente encontra por lá
Preparado ás Pataniscas
Narciza, Gomes de Sá
O Prato Espiritual
O Suflê de bacalhau
E Tripas pra degustar

09

O fato é que é um peixe
De inúmeras opções
Servido em pratos e formas
Inteiro e em porções
É um prato preparado
Pra deixar enamorados
Vulneráveis corações

10

Há o Bacalhau pra todos
Fiel amigo e Bolinho
Uma vasta culinária
Ao lado do melhor vinho
Dirija-se a Portugal
Se quiser comer legal
É este o melhor caminho

11

Por falar em bacalhau
Faço proveito da hora
Pra dizer que o Capitão
Pra Portugal foi-se embora
Não quer saber de voltar
Passou a só degustar
Da culinária de fora

12

Estranhíssima atitude
Pratica o nosso irmão
Trocar bacalhau daqui
Por um de outra nação
Dona Aurora já vagueia
E suspeitas de sereias
Pra tanta transformação

13
Sereias podem ser lendas
Sereias podem ser mitos
Mas, existem umas sereias
Que nessas eu acredito
São aquelas do bem bom
De ruge, pó e batom
E de cabelos bonitos

14

São as sereias dos bares
Boates cheias de luz
Tipo aquela do pãozinho
Meu Pãozinho de Cuscuz
De bumbuns arrebitados
De beiços avermelhados
Olhos miúdos e azuis

15

De fato são de espantar
Mudanças tão radicais
Come o lá de Portugal
E o daqui não come mais !
A estória é de Trancoso ?
Ou será que é mais cheiroso
O bacalhau dos cabrais ?

16

Essa troca de mariscos
Vem causando mui rebu
Só o Capitão quem sabe    
O buraco do tatu
O homem está decidido
E só quer comer cozido
Enjoou do bicho cru

17

Nesta hora lhe advogo
E o quero inocentado
É dito que todo réu
Carece de advogado
E afirmo de norte a sul
Se o bicho já é bom cru
Imagine temperado

18

Na modesta opinião
Deste vate que assina
Versos tão enigmáticos
Talvez o mapa da mina
Seja que no bacalhau
Que ele come em Portugal
Se note mais vitamina

19

O Capitão que o diga
Conhece o sabor dos dois
Ele deve ter cuidado
Para não chorar depois
Quando ele aqui chegar
Aurora vai duvidar:
- és meu esposo ? - quem sois ?

20

O bacalhau brasileiro
Comia com as duas mãos
Dizem que prato lambido 
É esquecido e então,
Se alguém o arguir:
- e o bacalhau daqui ?
Dirá ele: - lembro não

21

O bacalhau estrangeiro
Encontrado nas falésias
É pescado problemático
Do Oiapoque à Indonésia
O bicho só gera atritos
Além de causar conflitos
Ainda causa amnésia

22

O bacalhau do Brasil
Será que traz desconforto ?
Será do Mediterrâneo ?
Mar Vermelho ou do Mar Morto ?
Tem esfinge nesse enredo
É intrigante o segredo
Que tem o peixe do Porto

23

Cá comigo, eu imagino
Com a mais salgada lisura
Que o bacalhaus dos cabrais
Possui mais envergadura
Contornos de relicários
Olores de boticário
E essências de natura

24

E tem mais, o Capitão
Tá demorando voltar
Será que vossas narinas
Deleitaram-se por lá ?
O bacalhau dos cabrais
E seus perfumes florais
É mesmo de amarrar

25

É no SOSSEGO DO MAR
Que faço esse recital
Dirigindo ao Capitão
Perguntas de bacalhau
Responda e desate o nó:
- onde se come melhor,
No Brasil ou em Portugal ?

26

Quais serão suas respostas
Pra tantos enunciados ?
Por que nosso bacalhau
Se acha tão desprezado ?
Será que a comida gringa
Não tem a mesma catinga
Que possui nosso pescado ?

27

E por que a preferência
À comida lusitana ?
E por que trair a pátria
Com atitudes profanas ?
Dona Aurora já se posta
A ir atrás de respostas
Na tenda de uma cigana

28

É ai que ela se engana
Cigana é mulher levada
Pode até haver conluio
Jogo de cartas marcadas
Cigana é mulher vulgar
Seu negócio é intrigar
No fim não resolve nada

29

Basta lê A Cartomante
De Machado de Assis
Onde Rita trai Vilela
Com Camilo que a quis
Descoberta a desdita
Vilela põe fim a Rita
E ao ' amigo ' infeliz

30

A cigana já sabia
Da trama do adultério
Mas para entupir os cofres
Apavonava os mistérios
Resultado disso tudo
O bolso dela baludo
E o casal no cemitério

31 

Por isso eu digo Aurora
Não perturbe o Capitão
Espere o moço chegar
Analise a situação
Cigana só faz trapaça
É bom que a senhora faça
Calada investigação

32

Aqui termino a estória
Já é hora de parar
Dona Aurora e o Capitão
Um casal igual não há
Unidos no amor e fé
Viva nosso CANINDÉ !
Viva O SOSSEGO DO MAR !


RESPOSTA DO CAPITÃO DE FRA (GATAS)
AOS ENUNCIADOS DE JOTA BATISTA 



Querido amigo Batista
queria te agradecer
teus versos que a meu ver  
expressam tua alegria
fazendo graça de tudo
me meteu em um canudo
cheguei ficar com azia

Como que vou me explicar
o bacalhau português
aqui é feito na brasa
no visual do freguês
mas, você entendeu mal
preparou sem tirar sal
me enrascou de uma vez

do cheiro tu me perguntas
a diferença que faz
sei não amigo, sei não  
olfato não sinto mais
são tantas culpas no prato
que depois de três ou quatro
o sabor já não me apraz

se o daqui é melhor ?
posso dizer com certeza
o daqui não vale nada
o de lá é uma beleza
não há melhor bacalhau
com pimenta, azeite e sal
por ela posto na mesa  



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PORTUGAL, MAIO DE 2012
CAP. ARIMATEIA BEZERRA 

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